O fracasso das UPP
Um simples olhar é o suficiente para
diagnosticar o tamanho do problema das comunidades cariocas onde vivem milhares
de pessoas praticamente amontoadas e sem nenhuma dignidade humana. Que futuro pode ter uma pessoa que vive e cresce na
promiscuidade social, sexual, em contato
com o crime, com relações infiéis e incestuosas, com a falta de higiene, sem profilaxia e principalmente sem educação.
Uma vida útil perdida para o crime.
Chamar de comunidade em vez de
favela não resolve a vida de milhões de moradores desses guetos miseráveis que
esperam um dia viver num lugar chamado bairro.
Muito menos manter policiais
armados em permanente vigília à semelhança de campos prisionais e sem nenhuma
formação especializada para lidar com moradores que vivem à margem da sociedade, sem nenhum direito à cidadania.
O Complexo do Alemão por
exemplo, observado do alto, já é assustador, devido ao
adensamento populacional muito acima dos limites mundialmente aceitos pelo IDH. É degradante a forma de viver nessas
comunidades, onde falta saneamento básico, equipamentos
sócio-comunitários, áreas verdes,
habitações dignas de um ser humano,
serviços públicos essenciais. Os
servidores públicos se recusam a dar atendimento local devido ao enorme risco
de morte que assumem pela falta de segurança.
Como é possível alguém nascer e crescer num ambiente de risco,
insalubre, sem privacidade, sem saneamento básico e demais serviços e
conveniências à disposição da sociedade
moderna.
A questão do adensamento deve ser
imediatamente entregue aos cuidados de uma equipe multidisciplinar sob a
influência de arquitetos e urbanistas
para um projeto de reestruturação urbana
que ofereça um padrão habitacional menos oprimido, saudável, com todos os
requisitos que um aglomerado humano civilizado deve ter e sobretudo, qualidade de vida.
É preciso oferecer educação
básica e profissional a toda essa gente com esperança de empregos no mercado de
trabalho, além de cuidados médicos profiláticos e assistenciais. Também é necessário oferecer bons serviços
sociais e espirituais. Essas pessoas são ignoradas e discriminadas pela
sociedade e desejam nela serem
participantes. Os sinais são visíveis
nas pichações, nos ensurdecedores funks
sobre rodas e na
violência em todas as suas variantes que não param de crescer.
O investimento é caríssimo? Sim,
mas o retorno vai beneficiar toda
sociedade brasileira à curtíssimo prazo com melhores índices econômicos e sociais,
além de uma imagem mais respeitável e exemplar perante às nações do mundo.
Sergio Pohlmann e arquiteto e
urbanista
Tel. 21 9 97083988